Paula Taísa Steffenon
A sociedade contemporânea vive a era das tecnologias de informação. As redes sociais vêm alterando as formas como as pessoas se relacionam e têm acesso as informações. Hoje a maioria da população já faz parte dos sites de relacionamento, somente no facebook são milhões de perfis diferentes na rede. Com base no filme A rede social dirigido por David Fincher que conta a criação do facebook. A revista ComArte desta semana entrevistou o pesquisador da área da cibercultura e inclusão digital, professor Doutor Adriano Canabarro Teixeira.
Prof. Dr. Adriano Canabarro Teixeira |
ComArte - O que é rede social?
Prof. Adriano - O termo rede social, ele independe da tecnologia. Todos nós temos em diferentes intensidades ou em diferentes alcances redes sociais. Algumas pessoas são mais relacionadas, tem mais espaço onde ela se relaciona socialmente. Em tendo mais espaço, ela tem contato a mais pessoas. Então nós temos redes sociais maiores, menores, indiferentes se se conectam ou não. Essa lógica de conexão as pessoas fora da rede é a mesma lógica das redes sociais da internet. A grande diferença que nós temos é que o potencial dessas redes é muito maior. Uma rede social dentro da web, ela tem exatamente as mesmas características das redes sociais fora delas. Entretanto potencializam e muito a conexão e a comunicação entre as pessoas. E também as possibilidades de troca. Porque na minha rede social fora da web as comunicações já são essencialmente verbais. Na rede não, eu posso compartilhar, não somente aquilo, “conversa experiências”, mas também fotos, músicas, o que eu gosto, o que eu não gosto, o que eu fiz o que eu não fiz. Abre muito as possibilidades para que eu possa me expressar e me comunicar com as pessoas.
ComArte - E essas redes sociais elas surgiram e se disseminaram a partir de quando na web?
Prof. Adriano - O ser humano é um ser comunicacional. Eu me comunico com as pessoas nas redes sociais em vários formatos, em várias mídias. Só que aí tem uma questão técnica. Primeiro as pessoas tem que ter acesso as tecnologias, tem que ter acesso a internet, por exemplo. Segundo esse acesso tem que ser de boa qualidade. Porque, como é que eu vou disponibilizar fotos, arquivos mais pesados, se eu não tenho uma conexão rápida. Quando nós tínhamos rede discada, por exemplo, a gente usava pouca internet. Agora não, você liga o computador e já está conectado em uma boa conexão. Outra questão importante, não só uma conexão domiciliar, muitas escolas, universidades, tele centros conectados, espaços de acesso público. Isso possibilita que as pessoas têm acesso a rede e no momento que nós somos seres comunicacionais e me parece até bem plausível que a primeira utilização nossa sejam redes sócias. Então elas começaram a ganhar popularização no momento em que as pessoas começaram a ter acesso a internet de forma mais barata e de forma completa.
ComArte - O facebook, por exemplo, como podemos ver no filme “A rede social” é a maior rede social do planeta, com mais de quinhentos milhões de usuários. Então a que se atribui a expansão das redes sociais?
Prof. Adriano - O facebook ele está com 600 milhões de usuários, agora. As redes sociais, o facebook especificamente, ele vale mais de 70 bilhões de dólares, o que é meio complicado de entender como algo que é gratuito valer tanto. Acho que ele vale exatamente porque ele atende aquilo que é a essência do ser humano, que é se comunicar, que é compartilhar. E eu não tenho duvida nenhuma que pode acontecer que daqui a um ano o facebook apresentar uma queda enorme de usuários em relação à outra rede social que existir ou aparecer. Porque que eu não tenho dúvida? Porque as pessoas querem estar conectadas, não importa aonde. Nós tínhamos o Orkut. O Orkut começa a cair, o Facebook começa aumentar o número de usuários, porque as pessoas querem estar conectadas. E se eu tenho mais amigos ou mais pessoas conectadas numa outra rede, eu vou pra ela, não tem porque eu ficar isolado numa outra opção.
ComArte - O filme também aborda o bulling virtual. Onde o personagem principal Mark Zuckerberg, para se vingar da namorada que havia terminado com ele, começa a blogar sobre ela difamando. Então o bulling virtual, seria hoje um dos principais problemas das redes sociais?
Prof. Adriano - Primeiro eu acho que o bulling é bulling, digital ou não ele é bulling sempre. Só que entra aquela questão o que eu falei. O alcance do bulling, onde qualquer tipo de manifestação na rede é infinitamente superior ao alcance do bulling fora da rede. Então me parece que nesse caso específico do filme, o bulling ele não é responsabilidade da rede, eu sei que não foi o que tu falaste, mas ele ganhou uma repercussão muito maior por estar na rede. Acho que essa é uma das características das redes sociais ou do mundo digital, mas isso não é o suficiente pra dizer que a rede ela tem esse lado negativo, é uma característica dela, potencializar as coisas. Sejam vistas de forma positiva ou de forma negativa. Seja uma ação maldosa ou não. Então não sei se o bulling digital ele é responsabilidade ou ele é culpa da rede, acho que não, ele só expande aquilo que causaria dano também fora da rede. Só que obviamente potencializa os efeitos disso. Porque uma vez na rede ta no mundo.
ComArte - E tem a questão da exposição da privacidade das pessoas...
Prof. Adriano - É eu acho que o conceito da privacidade é muito pessoal. Eu defino o que é privado pra mim, tu o que é privado pra ti e os limites disso são bens diferentes. Tanto que não só no facebook, qualquer lugar, tem algumas pessoas que colocam algumas fotos que eu, você nunca colocaria. Entretanto, é um espaço meu, é um direito meu disponibiliza essas informações. O problema é quando acontece o que pode acontecer fora da rede também é eu divulgo dados que não são meus. Aí sim, isso é um problema, mas não é um problema da rede social, isso é uma questão de índole, é uma questão de ação de quem fez isso e sem dúvida alguma os desdobramentos vão muito maiores senão fosse na rede, porque a rede ela tem essa essência aberta..
ComArte - Podemos dizer as redes sociais da internet, através do número de “seguidores” de uma rede, causa a falsa sensação de poder?
Prof. Adriano - É de prestigio talvez. Eu acho que essa relação de poder, em função do prestígio que as pessoas têm, ou da influência que ela tem sobre as pessoas sempre existiu. Tem uma lei da cibercultura que é a lei da reconfiguração, ou seja, a rede, a internet, a tecnologia ela não trás nada de novo, ela potencializa. Então alguém que tem grande poder de influência sobre as pessoas, essa pessoa acaba ganhando destaque. A palavra dela, a ação dela, o que ela faz influência mais ou menos pessoas. As mídias de massa têm muito disso, ou seja, quanto maior o alcance delas, mais poder ela tem, por exemplo, a Rede Globo. É claro que a gente tem que ver que, a postura do seguidor da rede é diferente da postura do seguidor, religioso, político ideológico, cultural, por quê? Porque como eu to seguindo hoje uma pessoa eu posso deixar de seguir ela em dois toques, sem nenhum motivo aparente eu posso passar pra outra. As relações são um pouco mais efêmeras na rede, do que as relações fora dela. Mas sim, sem dúvida nenhuma o número de seguidores demonstra o quão influente você é. Isso é uma forma de poder, na rede.
ComArte - Como você analisa o território das redes sociais no que diz respeito à liberdade de Imprensa no Brasil?
Prof. Adriano - Isso é sem dúvida alguma, um elemento democratizador e um elemento de retorno talvez, a um mundo mais transparente. A um mundo mais justo, porque nada mais fica por muito tempo escondido as coisas vêm à tona. Talvez pela primeira vez a gente tenha disponível, para cada cidadão, para cada pessoa, um ambiente democrático de mobilização. Se essa mobilização vai ganhar mais ou menos força é outra questão, mas eu tenho um espaço pra isso. E gente tem muitos exemplos de mobilizações que começaram na rede e que tiveram uma repercussão muito grande, no Egito, na Líbia, aqui em Passo Fundo a gente tem aí uma mobilização da questão em torno da linha pro ônibus. Na África onde foi aprovada uma lei de enforcamento de homossexuais, o mundo inteiro se mobilizando contra isso. Então eu acho que essa é a grande questão. O jornalista quer isso, ele quer colocar às claras as coisas, quer informar as pessoas, só que ele não tem, nem perna e nem possibilidade de estar em todos os locais e observar determinado fato de todas as diferentes perspectivas. As pessoas que estão submetidas ou vivenciando uma determinada situação eles têm condições. E muitas vezes é a partir das redes sociais ou das redes que elas se manifestam. Eu acho que as redes tem muito disso, elas possibilitam que todo mundo colabore ou gere mobilizações em torno de algo que para aquele momento é importante.
Prof. Adriano - O termo rede social, ele independe da tecnologia. Todos nós temos em diferentes intensidades ou em diferentes alcances redes sociais. Algumas pessoas são mais relacionadas, tem mais espaço onde ela se relaciona socialmente. Em tendo mais espaço, ela tem contato a mais pessoas. Então nós temos redes sociais maiores, menores, indiferentes se se conectam ou não. Essa lógica de conexão as pessoas fora da rede é a mesma lógica das redes sociais da internet. A grande diferença que nós temos é que o potencial dessas redes é muito maior. Uma rede social dentro da web, ela tem exatamente as mesmas características das redes sociais fora delas. Entretanto potencializam e muito a conexão e a comunicação entre as pessoas. E também as possibilidades de troca. Porque na minha rede social fora da web as comunicações já são essencialmente verbais. Na rede não, eu posso compartilhar, não somente aquilo, “conversa experiências”, mas também fotos, músicas, o que eu gosto, o que eu não gosto, o que eu fiz o que eu não fiz. Abre muito as possibilidades para que eu possa me expressar e me comunicar com as pessoas.
ComArte - E essas redes sociais elas surgiram e se disseminaram a partir de quando na web?
Prof. Adriano - O ser humano é um ser comunicacional. Eu me comunico com as pessoas nas redes sociais em vários formatos, em várias mídias. Só que aí tem uma questão técnica. Primeiro as pessoas tem que ter acesso as tecnologias, tem que ter acesso a internet, por exemplo. Segundo esse acesso tem que ser de boa qualidade. Porque, como é que eu vou disponibilizar fotos, arquivos mais pesados, se eu não tenho uma conexão rápida. Quando nós tínhamos rede discada, por exemplo, a gente usava pouca internet. Agora não, você liga o computador e já está conectado em uma boa conexão. Outra questão importante, não só uma conexão domiciliar, muitas escolas, universidades, tele centros conectados, espaços de acesso público. Isso possibilita que as pessoas têm acesso a rede e no momento que nós somos seres comunicacionais e me parece até bem plausível que a primeira utilização nossa sejam redes sócias. Então elas começaram a ganhar popularização no momento em que as pessoas começaram a ter acesso a internet de forma mais barata e de forma completa.
ComArte - O facebook, por exemplo, como podemos ver no filme “A rede social” é a maior rede social do planeta, com mais de quinhentos milhões de usuários. Então a que se atribui a expansão das redes sociais?
Prof. Adriano - O facebook ele está com 600 milhões de usuários, agora. As redes sociais, o facebook especificamente, ele vale mais de 70 bilhões de dólares, o que é meio complicado de entender como algo que é gratuito valer tanto. Acho que ele vale exatamente porque ele atende aquilo que é a essência do ser humano, que é se comunicar, que é compartilhar. E eu não tenho duvida nenhuma que pode acontecer que daqui a um ano o facebook apresentar uma queda enorme de usuários em relação à outra rede social que existir ou aparecer. Porque que eu não tenho dúvida? Porque as pessoas querem estar conectadas, não importa aonde. Nós tínhamos o Orkut. O Orkut começa a cair, o Facebook começa aumentar o número de usuários, porque as pessoas querem estar conectadas. E se eu tenho mais amigos ou mais pessoas conectadas numa outra rede, eu vou pra ela, não tem porque eu ficar isolado numa outra opção.
ComArte - O filme também aborda o bulling virtual. Onde o personagem principal Mark Zuckerberg, para se vingar da namorada que havia terminado com ele, começa a blogar sobre ela difamando. Então o bulling virtual, seria hoje um dos principais problemas das redes sociais?
Prof. Adriano - Primeiro eu acho que o bulling é bulling, digital ou não ele é bulling sempre. Só que entra aquela questão o que eu falei. O alcance do bulling, onde qualquer tipo de manifestação na rede é infinitamente superior ao alcance do bulling fora da rede. Então me parece que nesse caso específico do filme, o bulling ele não é responsabilidade da rede, eu sei que não foi o que tu falaste, mas ele ganhou uma repercussão muito maior por estar na rede. Acho que essa é uma das características das redes sociais ou do mundo digital, mas isso não é o suficiente pra dizer que a rede ela tem esse lado negativo, é uma característica dela, potencializar as coisas. Sejam vistas de forma positiva ou de forma negativa. Seja uma ação maldosa ou não. Então não sei se o bulling digital ele é responsabilidade ou ele é culpa da rede, acho que não, ele só expande aquilo que causaria dano também fora da rede. Só que obviamente potencializa os efeitos disso. Porque uma vez na rede ta no mundo.
ComArte - E tem a questão da exposição da privacidade das pessoas...
Prof. Adriano - É eu acho que o conceito da privacidade é muito pessoal. Eu defino o que é privado pra mim, tu o que é privado pra ti e os limites disso são bens diferentes. Tanto que não só no facebook, qualquer lugar, tem algumas pessoas que colocam algumas fotos que eu, você nunca colocaria. Entretanto, é um espaço meu, é um direito meu disponibiliza essas informações. O problema é quando acontece o que pode acontecer fora da rede também é eu divulgo dados que não são meus. Aí sim, isso é um problema, mas não é um problema da rede social, isso é uma questão de índole, é uma questão de ação de quem fez isso e sem dúvida alguma os desdobramentos vão muito maiores senão fosse na rede, porque a rede ela tem essa essência aberta..
ComArte - Podemos dizer as redes sociais da internet, através do número de “seguidores” de uma rede, causa a falsa sensação de poder?
Prof. Adriano - É de prestigio talvez. Eu acho que essa relação de poder, em função do prestígio que as pessoas têm, ou da influência que ela tem sobre as pessoas sempre existiu. Tem uma lei da cibercultura que é a lei da reconfiguração, ou seja, a rede, a internet, a tecnologia ela não trás nada de novo, ela potencializa. Então alguém que tem grande poder de influência sobre as pessoas, essa pessoa acaba ganhando destaque. A palavra dela, a ação dela, o que ela faz influência mais ou menos pessoas. As mídias de massa têm muito disso, ou seja, quanto maior o alcance delas, mais poder ela tem, por exemplo, a Rede Globo. É claro que a gente tem que ver que, a postura do seguidor da rede é diferente da postura do seguidor, religioso, político ideológico, cultural, por quê? Porque como eu to seguindo hoje uma pessoa eu posso deixar de seguir ela em dois toques, sem nenhum motivo aparente eu posso passar pra outra. As relações são um pouco mais efêmeras na rede, do que as relações fora dela. Mas sim, sem dúvida nenhuma o número de seguidores demonstra o quão influente você é. Isso é uma forma de poder, na rede.
ComArte - Como você analisa o território das redes sociais no que diz respeito à liberdade de Imprensa no Brasil?
Prof. Adriano - Isso é sem dúvida alguma, um elemento democratizador e um elemento de retorno talvez, a um mundo mais transparente. A um mundo mais justo, porque nada mais fica por muito tempo escondido as coisas vêm à tona. Talvez pela primeira vez a gente tenha disponível, para cada cidadão, para cada pessoa, um ambiente democrático de mobilização. Se essa mobilização vai ganhar mais ou menos força é outra questão, mas eu tenho um espaço pra isso. E gente tem muitos exemplos de mobilizações que começaram na rede e que tiveram uma repercussão muito grande, no Egito, na Líbia, aqui em Passo Fundo a gente tem aí uma mobilização da questão em torno da linha pro ônibus. Na África onde foi aprovada uma lei de enforcamento de homossexuais, o mundo inteiro se mobilizando contra isso. Então eu acho que essa é a grande questão. O jornalista quer isso, ele quer colocar às claras as coisas, quer informar as pessoas, só que ele não tem, nem perna e nem possibilidade de estar em todos os locais e observar determinado fato de todas as diferentes perspectivas. As pessoas que estão submetidas ou vivenciando uma determinada situação eles têm condições. E muitas vezes é a partir das redes sociais ou das redes que elas se manifestam. Eu acho que as redes tem muito disso, elas possibilitam que todo mundo colabore ou gere mobilizações em torno de algo que para aquele momento é importante.
Adriano Canabarro Teixeira é Professor da Universidade de Passo Fundo, graduado em Ciência da Computação, com mestrado em Educação na UPF e pós-doutor na área de Ensino a Distância (EaD) na UFRGS.
Você pode ouvir está entrevista na integra clicando aqui.
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