sexta-feira, 17 de junho de 2011

O preço da fama



*Francine Tiecher


Ah, a internet! Ferramenta indispensável para a sobrevivência na selva de pedra em que vivemos hoje. Fluxo de informações, notícias, vídeos, fotos, áudios e tudo mais a que temos direito. É nessa imensa teia, onde todos estamos conectados, interagindo e produzindo conteúdo, que surgem os fantásticos “Fenômenos”.


E o youtube é a ferramenta mais utilizada, pelas celebridades instantâneas, para conseguir esse sucesso tão sonhado. Destaques como Susan Boyle (descoberta em um show de talentos na Inglaterra), e até a brasileira Stefhany do Crossfox bombaram na rede.



Mas o que há por trás dessa fama repentina? De que maneira o ser humano lida com essas sensações?


Quem nos explica um pouco sobre o perfil desses fenômenos da internet é a psicóloga e professora mestre em semiótica, da Faculdade de Artes e Comunicação da UPF, Maria Goretti Baptista Betencourt.


ComArte: Porque nós, seres humanos, sentimos a necessidade em sermos reconhecidos?

Maria Goretti: Todas as pessoas têm necessidade de reconhecimento, independentemente da classe social, seguimento religioso, cor ou gênero e, até mesmo, idade. Isso é fundamental para todos, por uma questão de sobrevivência psíquica e mesmo orgânica. Por que orgânica?
Porque para sobreviver, um ser humano precisa de alguém que provenha suas necessidades, e isto só vai acontecer se alguém se interessar por alguém. E sobrevivência psíquica porque o reconhecimento oferece o suporte de motivação para a vida.


CA: De onde vem a necessidade de exposição? O que motiva um indivíduo à exposição, não só na rede, mas também em outros lugares? É uma questão instintiva do ser humano?


MG: Não é instintivo. É mais uma questão de personalidade. Existem pessoas que sentem mais necessidade de se mostrar que outras, e as maiores necessidades também têm relação direta com o tipo de estima que o sujeito tem sobre si mesmo.


CA: De que maneira o psicológico auxilia e/ou prejudica na questão da fama passageira?
MG: A fama é um objeto de desejo perseguido por muitos. Porém, lidar com isso exige muita maturidade, e esse é o problema. A maioria das pessoas não tem condições emocionais de lidar com a fama e acabam sucumbindo a ela, ou se deprimindo profundamente quando ela se vai. E, como o mundo contemporâneo é muito volátil, a fama é extremamente passageira e isso pode trazer consequências ruins para os indivíduos que dão excessivo valor a esse tipo de objeto.


 CA: O que as pessoas sentem quando atingem os seus "15 minutos de fama"?
E como elas reagem depois que essa fama passa?

MG: A fama é percebida de forma individual. Não tem como generalizar esse estímulo. Porém, como já foi dito, se o sujeito tem uma estima baixa ou dificuldade para lidar com a exposição, o caráter mais embriagador da fama pode gerar uma grande depressão depois de desaparecida.



CA: Quais as marcas que a fama instantânea e passageira deixam na vida de quem se
submeteu ao sucesso "descartável"?

Um exemplo que se poderia citar são daquelas pessoas que participam de algum tipo de programa, com uma grande repercussão midiática, e depois são ultrapassados por outros sujeitos. Alguns ficam atrás de conseguir os holofotes da fama e fazem qualquer negócio, mesmo que seja constrangedor, para continuar na ribalta. Outros entram em processos de depressão, uso de drogas, ou caminham para a destruição da própria personalidade de muitas maneiras. Existem pessoas que se suicidam por não poderem mais ficar no anonimato. Claro que são casos extremos.


*Aluna do VII nível de Jornalismo Online

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