Créditos: Kaira Monteiro dos Santos |
Kaira Monteiro dos Santos*
Segundo dados do IPEA - Instituto de Pesquisas Econômicas Aplicadas, aproximadamente 98% das famílias no Brasil afirmam ter dívidas, 58% dizem ter condições de pegar essas dívidas parcialmente e 40% não teriam condições de sanar essas dívidas. O consumismo é definido literalmente como o ato de gastar em grandes quantidades e, na maioria das vezes, sem nenhuma necessidade, causando uma desordem financeira nas famílias. Este ato de consumo desenfreado é fruto do capitalismo, onde existe a influência da propaganda e da publicidade, a esses se acrescenta a cultura industrial que induz o consumo desnecessário, alimentando sonhos com facilidades, transformando sonhos em pesadelos e preocupações.
Para entender melhor este comportamento, conversamos com a professora de Psicologia do Comportamento da Faculdade de Artes e Comunicação, Maria Goretti Betencourt.
Com Arte - Para você, o que é consumismo?
Maria Goretti Betencourt - Consumismo é tudo o que a gente consome, tudo o que se gasta, para cumprir necessidades primárias e secundárias, ou coisas supérfluas, tudo é consumo.
CA - Qual a relação entre a publicidade e o consumo?
MGB - Na verdade a publicidade tem como tarefa anunciar os produtos, então tecnicamente ela não tem uma influência direta no consumo, o consumo é do consumidor, do sujeito, o papel da publicidade é anunciar, ela não obriga ninguém a consumir, o consumo se faz pelo sujeito, ele que faz esse processo, não é a propaganda que faz o processo para ele.
CA - Você considera a propaganda como uma ferramenta de persuasão ao consumo desenfreado?
MGB - Sim, claro. A propaganda tem um componente de persuasão, mas só é persuadido aquele que quer ser, então eu não posso vender nada que você não queira, só posso te vender algo que você realmente tenha desejo. Embora ela seja persuasiva, do outro lado tem o sujeito que quer ser persuadido.
CA - Qual o papel da publicidade na sociedade capitalista?
MGB - A publicidade faz o anúncio, ela mostra, ela identifica os produtos, ela alimenta os nossos desejos, os nossos egos, ela tem esse papel, mas não pode ser considerada como a manipuladora perversa e desgraçada que é capaz de fazer com que uma pessoa que não tenha a característica de consumo nem nada e transformá-la em um consumista. Existe uma diferença entre ser consumidor e ser consumista, consumidor todos somos porque nós consumimos tudo, ideias, produtos, consumimos desejos, agora ser consumista é extrapolar, é ir além disso, é o exagerar naquilo que é o consumo. O consumo é uma coisa normal, o consumismo está mais para exagero.
CA - A população em geral não é tão informada em relação aos produtos,e a mídia. Você acha que a publicidade usa isso como ferramenta para persuadir este consumo?
MGB - Há um tempo atrás eu poderia dizer que a propaganda também tem a função de informar, mas agora é mais complicado, eu acho que agora as pessoas não são informadas se não querem ser, porque existem mecanismos de toda a natureza, por exemplo, você hoje tem acesso qualquer que seja o local a informação, pela internet por exemplo, pela televisão porque não tem quem não veja uma televisão, não tem quem não escute um rádio. Então dizer que as pessoas são desinformadas também é um certo exagero, elas podem não querer se informar sobre determinadas coisas. Em um passado sim, a propaganda tinha esse papel, além do componente sedutor ele também era informativo, hoje a informação não passa necessariamente pela propaganda, embora a propaganda também seja informação, existem outros canais de informação que são mais eficazes.
* Kaira Monteiro dos Santos é aluna do Curso de Jornalismo da UPF, VII nível .
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