quarta-feira, 16 de novembro de 2011

Eugênio Correa: Produtor e um dos criadores do Planeta Atlântida

André Luiz Tonon*

Nascido em Passo Fundo em 1962, porém se transferindo logo aos dois anos de idade para a capital, Porto Alegre, Eugênio Correa é um dos responsáveis pela criação do maior festival de música e entretenimento do Sul do Brasil, o Planeta Atlântida, que há 17 anos vem transformando o verão dos jovens e adolescentes dos estados do Rio Grande do Sul e Santa Catarina. Eugênio é diretor comercial da DC Set Promoções, uma das principais produtoras do país e parceira desde 1996 do Planeta Atlântida.  A ComArte conversou por telefone com Eugênio sobre a história e os bastidores da produção deste grande festival, confira:

ComArte - Como surgiu a ideia de criar um festival de música como o Planeta Atlântida?


Eugênio Correa - Em 1995, depois de morar um tempo em São Paulo, regressei ao Rio Grande do Sul para trabalhar com projetos de entretenimento da DC Set no estado. Neste mesmo ano o Renato Sirotsky (falecido em 1998), na época diretor das rádios do grupo RBS, me convidou para realizar um evento comemorativo aos 20 anos da rádio Atlântida, de Porto Alegre. A partir desta ideia que no verão de 1996, surgiu o Planeta Atlântida.

CA - Quem idealizou o Planeta?

EA -
Na verdade, a DC Set foi quem criou o Planeta! O grupo RBS encomendou um evento para a comemoração dos 20 anos e nós transformamos esse evento no que é o Planeta hoje, sendo realizado anualmente. A DC Set participa inclusive de vendas de cota de patrocínio, toda estratégia de marketing, artística e a parte operacional. A RBS se envolve na comercialização do patrocínio, na divulgação e administração do evento. Hoje somos sócios do Grupo RBS, temos 40% e eles 60% dos lucros.


CA - Antes do Planeta não víamos festival deste nível no Sul, ele pode ser considerado um marco para a região?

EA -
Na época o Planeta foi um projeto revolucionário! Ele foi um evento multimídia na área do entretenimento, pois, além dos shows, em sua maioria pop rock - que por sinal era o único estilo que dominava o cenário da música jovem brasileira - surgiam alguns projetos e estilos diferenciados e que a gente acrescentou ao Planeta. Foi o caso do Mamonas Assassinas, que participaram do primeiro Planeta Atlântida. Nós conseguimos fazem uma mistura destes estilos com o melhor que existia do pop rock na época, como o Paralamas do Sucesso, Rita Lee e Titãs.

Sem falar que além do palco principal tínhamos pista de kart, luta de vale tudo, tirolesa, bungee jump, pista de skate, montanhismo e inovamos ao trazer DJs internacionais para os dois dias do festival. (No final dos anos 90 DJs e a música eletrônica ainda buscavam seu espaço no mercado, ficando longe dos grandes eventos).

CA - Quinze anos já se passaram desde o primeiro Planeta. Como ocorre a contratação de bandas e como é acompanhar a evolução do mercado?

EA -
O evento é focado basicamente no público adolescente de 16 a 20 anos, e por isso, em primeiro lugar, temos que pensar com uma cabeça jovem, ter um sinal muito forte do que a galera esta querendo. Hoje em dia com a internet, a velocidade da informação é muito rápida. As coisas estão acontecendo em qualquer parte do mundo, e temos que acompanhar isso.


CA - Quais as principais mudanças que o festival apresentou durante esses anos?

EA -
Ao longo do tempo o festival criou vários espaços musicais, como as tendas de música eletrônica, de pagode, funk, sertanejo universitário, até chegarmos hoje, onde temos o Palco Pretinho Convida. Nós começamos a colocar DJs encerrando o palco central e de uns anos para cá iniciamos com atrações internacionais, fato que até então, não mostrou necessidade. (no ano passado o Planeta investiu em atrações internacionais com o rapper americano Flo Rida no Rio Grande do Sul e a banda de reggae SOJA, em Santa Catarina).

Com o tempo ele também se tornou familiar, nesses últimos anos, nas áreas do camarote vemos pessoas de até 60 anos. O festival ganhou essa característica principalmente em Atlântida. Hoje o avô não vai apenas levar o neto, mas sim curtir o som junto com ele.


CA - Como você analisa a entrada de cantores sertanejos e de pagode no palco central do Planeta?

EA -
O nosso evento não se sustenta mais somente com o cenário pop rock. Este ano o Rock in Rio conseguiu a façanha de fazer um evento baseado nesse cenário, porém, aqui no Rio Grande do Sul e em Santa Catarina eu preciso ter outras vertentes como samba e sertanejo universitário que, querendo ou não, são os artistas pop da atualidade. Não temos como negar o tamanho deste cenário aqui no sul do Brasil.


CA - Nos últimos anos notamos um aumento elevado de shows e festivais internacionais no país. Como o Brasil passou a receber essas atrações?

EA -
O Brasil vive um momento muito peculiar. Hoje o mercado americano e o europeu estão muito em baixa, ocasionado principalmente pela atual crise financeira. O Brasil é um mercado que tem muito consumidor, quase 200 milhões de pessoas, e vive um momento econômico mais favorável, com o dólar baixo comparado a outros momentos. Junto com o Brasil, a Índia e China também apresenta um crescente mercado.


CA - E o futuro do Planeta? Qual será?

EA -
Este ano estamos apostando forte no cenário Pop Rock por que acreditamos que o Rock in Rio pode dar um “gás” positivo. Mas, sem dúvida artistas ícones de outros segmentos estarão presentes. Estamos resgatando espaços para novas bandas, apostando muito em novos entretenimentos e no retorno de atividades em que os planetários possam interagir mais, como o MMA, o skate, entre outros, e sempre com olhar bastante atento ao cenário mundial da música. Temos conselhos criativos de jovens conectados aos novos meios sociais. A nossa comunicação este ano esta bastante alicerçada nas comunicações via web e redes sociais. Esta é a nova realidade.



Saiba mais:


Sobre Eugênio Correa: Representante da DC Set desde 1987, atualmente Eugênio Correa é diretor regional na região Sul do Brasil. Formado em Publicidade e Propaganda pela Pontifícia Univesidade Católica de Porto Alegre (PUCRS), passou pela rádio Cidade, de Porto Alegre, SBT e entrou na RBS em 1981, onde ocupou o cargo de executivo do grupo. Saiu em 1987 para ingressar na DC Set trabalhando na área de marketing e comercialização em São Paulo, capital. Mora em Porto Alegre e possui escritórios em Curitiba e Florianópolis.
Eventos produzidos: Além do Planeta Atlântida Rio Grande do Sul e Santa Catarina, Eugênio teve participação na organização artística do Rock in Rio 1991, produziu o Coca-Cola Life Zone de Gramado, entre outros projetos multimídia voltados ao público adulto e adolescente. Também realiza o festival LupaLuna de Curitiba, em parceria com a GRPCom  e considerado o maior evento de música do Paraná. Já contou com atrações como o Rappa, Charlie Brown Jr, Lulu Santos, Skank, Capital Inicial, Ivete Sangalo, Nação Zumbi, Vitor e Léo, Jorge Bem Jor, Mallu Magalhães, Paralamas do Sucesso e os internacionais Paranormal Attack, Jason Mraz, The Cult.


Sobre a DC Set Promoções: A DC Set é um empresa gaúcha, que surgiu em 1979, numa parceria entre os produtores Dody Sirena e Cicão Chies. Há mais de trinta anos atuando no mercado nacional e internacional a DC Set possui uma estrutura com escritórios em São Paulo, Porto Alegre, Salvador e representação na Espanha. Em seu conceito, traz uma forma diferenciada de desenvolver e criar projetos imprimindo qualidade e confiabilidade em sua relação com o mercado nacional e internacional do show business.  Atua nos segmento de esportes através da DC Set Sports, no turismo com o Projeto Emoções em Alto Mar e é responsável pela produção dos shows e turnês do artista Roberto Carlos, no Brasil e no exterior.
Eventos produzidos: Criança Esperança, Cirque Du Soleil, Disney On Ice. Festivais: Planeta Atlântida, LupaLuna, Boi Bumbá. Shows: George Michael, Julio Iglesias, Ray Charles, George Benson, Peter Gabriel, Luciano Pavarotti, Eric Clapton, INXS, B.B. King, Ramones, Michael Jackson, David Coperfield, Roger Waters, Deep Purple,  Prince, Van Halen, Metallica, Mercedes Sosa, Guns N’ Roses, Iron Maiden, Rod Stewart, Bob Dylan, Santana, A-HÁ, Billy Idol, Paul McCartney, entre outros.
Site: www.dcset.com.br


Sobre o Planeta Atlântida: Maior festival de música do sul do Brasil, o Planeta Atlântida surgiu em 1996 em parceria com Rede Atlântida de rádios do Rio Grande do Sul e Santa Catarina, Grupo RBS e a DC Set Promoções.  Possui duas edições: a gaúcha, que ocorre no Balneário de Atlântida, litoral gaúcho e a catarinense, que acontece em Florianópolis, na praia de Canasvieras. Movimenta em média 90 mil pessoas durante as duas noites do evento. Já passaram pelo palco do Planeta Atlântida bandas como: Mamonas Assassinas, Rita Lee, Titãs, Fernanda Abreu, Paralamas do Sucesso, Lulu Santos, Kid Abelha, Skank, Tim Maia, Cidade Negra, Jota Quest, Daniela Mercury, Engenheiros do Hawaii, Barão Vermelho, Biquini Cavadão, Ed Motta, Pato Fu, Djavan, Raimundos, O Rappa, Charlie Brown Jr, Ultraje a Rigor, Los Hermanos, Ivete Sangalo, Ira!, Planet Hemp, Ana Carolina, Jorge Benjor, Zeca Pagodinho, Gilberto Gil, Sepultura e os internacionais Tiesto, Fatboy Slim, Flo Rida, Soldiers of Jah Army e Marky Ramone. 



* André Luiz Tonon é aluno do VI nível de Jornalismo da Universidade de Passo Fundo. 

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