quarta-feira, 23 de novembro de 2011

A onda retrô na vida de uma rockeira

 *Dieisson Zambillo



Foto: Arquivo Pessoa
Ela voltou com tudo, a moda retrô resiste ao tempo.  Bem distante dos anos 80 e 90, onde tudo era expectativa a onda do momento é o Revival. Carros com cores sólidas, óculos com desenhos oitentistas e até mesmo eletrodomésticos estão voltando aos designes arredondados daquela época. Na contramão da moda, onde a cada estação o que era tendência já virou passado, itens como camisa xadrez, calças de cós alto e outras “oitentices” estão novamente na vitrine. Mas será mesmo que a moda retrô voltou? Ou ela sempre esteve lá? Bem, não é difícil de lembrar que seguidamente topamos com pessoas usando roupas que hoje estão voltando á moda, mas que para elas sempre foram o seu estilo. Este modo de vestir e ser são uma característica da galera que curte o Rock N Roll, e diga-se de passagem, eles sempre foram assim. Nossa equipe de reportagem entrevistou Aline Love, musicista, 28 anos e uma referencia quando falamos em moda retrô. A menina tem uma banda própria e se apresenta com um figurino rigoroso.  Confira na íntegra a entrevista:


ComArte - Aline, gostaríamos que você falasse um pouco sobre essa onda retrô que está fazendo a cabeça da galera. Temos estilos em lata que por muitos anos foram considerados cafonas. Temos o exemplo do xadrez, dos óculos coloridos ao estilo anos 80, os cortes de cabelo. Tudo isso está em alta, por que você acha que isso voltou com tanta força??

Aline Love - Creio que isso voltou com força por causa da despersonalização da moda de hoje em dia. As passarelas, por exemplo, quem pode sair na rua com as roupas apresentadas nos desfiles? Isso sem contar que a pequena parte das peças que podem ser usadas, não se adequam a qualquer modelo de corpo, e é difícil uma pessoa do meu padrão (manequim 42) usar peças que caem bem numa modelo que usa manequim 34. Acho que as pessoas vêm usando e abusando da moda retrô pela busca da identidade! Tudo volta. Essa moda do colorido, cabelos espetados, que parece muito original, já havia sido usado lá nos anos 80 como tu citastes!

Foto: Arquivo Pessoal



ComArte - Quem são os responsáveis por ditar a moda que vemos nas ruas? Essas pessoas não estariam perdendo a criatividade ao trazerem apenas "mais do mesmo”?
 
Aline Love - Acho que os responsáveis nesse caso são pessoas pelas quais os que usam as roupas se inspiram de alguma forma, ou até mesmo como modo de adequação e conforto a própria estrutura corpórea. No meu caso, tenho cintura fina e quadril largo, odeio calças, por isso uso vestidos rodados, e eles remetem a um passado, cada um tem que usar o que caí bem, vestidos justos da moda atual não ficam bem em mim, portanto não uso. Sobre o "buscar mais do mesmo", acho que quem faz isso são aqueles doentes pela moda. As festas senso-comum são um exemplo disso, acaba virando um quartel, todo mundo vestido igual (ignorando o fato de tal peça ficar bem na pessoa ou não).

ComArte - A moda retro deve muito á cultura Americana, você consegue ver como seria a nossa moda sem a influencia direta desta cultura??

Aline Love - Particularmente, eu me inspiro na moda retrô inglesa (que se inspira em parte na francesa, e em parte na italiana), mas enfim, os Estados Unidos ditam tudo, moda, música, cinema... Mas eu acho que as pessoas se influenciam pela moda retrô meio cosmopolita. Vejo por aí em alguns shows que fizemos, muitas pessoas no estilo Rockabilly de se vestir, jaquetas de couro, brilhantina, e pin ups, total USA, assim como vejo garotos e garotas ao melhor estilo Sex Pistols, UK total! Até mesmo nosso país tem a sua moda retrô, nas nossas andanças por aí, não é raro ver senhores estilosésimos vestidos de terno e sapato branco ao melhor estilo malandro carioca do samba! Gosto disso, moda ligada a música que a pessoa gosta!

ComArte - Por muito tempo a galera do rock usou itens que hoje são considerados "na moda". O que a turma pensa de, usar um estilo diferente, fora do tempo para assim ser diferenciado, e agora todo mundo estar na mesma onda?

Aline Love - Não posso falar pelos outros, mas posso falar por mim. ACHO UMA BELA BOSTA! Há alguns anos atrás, quando eu garimpava roupeiros e acessórios de tias, as pessoas meio que ridicularizavam a minha "velharia". Hoje É LINDO! E o que ganhava ou pagava baratinho hoje está sendo vendido em boutiques badaladas no estilo "Pareço-Chinelão-Mas-Tenho-Muita-Grana", e sinceramente? Minha profissão não me permite comprar em lojas assim.  Creio que vai continuar existindo para quem gosta, e assume o uso, que não é fácil! Tudo que é fora dos padrões causa incômodo na maioria que leva uma "vida-de-gado". Cabe a pessoa julgar se tem personalidade o suficiente para aguentar a pressão de se vestir como se sente bem. Minha profissão me permite, mas a grande maioria não, daí já surge um problema... ridículo e pequeno, mas as pessoal julgam o diferente!

É, ao que tudo indica essa moda é “mais do mesmo”, mas que já vem com uma receita pré-aprovada pelo público. Afinal, o que foi febre sempre vai fazer sucesso.

*Dieisson Zambillo é aluino do curso de Jornalismo da UPF, VI nível.

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