sexta-feira, 21 de outubro de 2011

Entre a Euforia e a Depressão



 Tayná Biazus dos Santos*

Muitas são as doenças mentais que atingem em torno de 20% da população mundial, em algum momento da vida. Doenças como depressão, distúrbio de ansiedade generalizado, distúrbio do pânico, bipolaridade e esquizofrenia são algumas dessas doenças. O foco nessa entrevista será voltado para a bipolaridade.

Uma pessoa possui bipolaridade quando tem estados depressivos e maníacos, ou seja, para a psiquiatria, mania significa que a pessoa tem um quadro bastante elevado em relação ao humor.
Créditos: Débora Padilha


Procuramos o professor de Ed. Física e pós-graduado em Atendimento Educacional Especializado (AEE), Wilkinson C. Kunzler. Wilkinson trabalha na APAE há mais de cinco anos, e vai nos explicar um pouco mais sobre o Transtorno Bipolar.


ComArte- Como professor da APAE, você já desenvolveu algum trabalho com alunos que foram afetados pelo Transtorno Bipolar?
 
Wilkinson C. Kuzler -Sim. Desde o inicio dos meus trabalhos dentro da Escola, sabia que havia um aluno com Retardo no Desenvolvimento (Leve) e com Transtorno Bipolar. O trabalho para com esse aluno foi realizado de forma igual aos outros, tendo alguns cuidados especiais na troca de humor durante as atividades.


CA- Explique-nos um pouco mais sobre esse transtorno, e quais são os sintomas que uma pessoa apresenta quando o desenvolve.
 
W.C.K- Uma pessoa com transtorno bipolar está sujeita a episódios de extrema alegria, euforia e humor excessivamente elevado (mania), e também a episódios de humor muito baixo e desespero (depressão). Entre os episódios, é comum que passe por períodos de normalidade. A natureza e duração dos episódios variam grandemente de uma pessoa para outra, tanto em intensidade quanto em duração.


CA- Existem características para diferenciar uma pessoa saudável, daquela que possui o transtorno?
 
W.C.K-Infelizmente não é fácil realizar a identificação e caracterização do transtorno, a “olho nu”, as características são de episódios de extrema alegria até de desespero. Episódios estes sem duração para acontecer e terminar.

CA- Quais são as fases que a pessoa tem e sabe nos dizer como uma pessoa sente-se? 


   W.C.K- TIPO I: Predomínio da fase maniaca com depressão mais leve (distimia).
    TIPO II: Predomínio da fase depressiva com mania mais leve (hipomania).
    MISTA: Quando os episódios possuem várias características tanto de mania quanto de depressão simultaneamente.
    CICLOS RÁPIDOS: Quando os episódios variações humor duram menos de uma semana.
    CICLOTIMIA: Os sintomas são persistentes por pelo menos dois anos, períodos em que sintomas de hipomania são leves e depressão ou distimia não são tão profundos para ser qualificados como Depressão maior.

A pessoa pode, em alguns casos, agir com certa agressividade e após passar o episódio, chorar como forma de arrependimento.

CA- O que você acha do sistema público brasileiro, quando relacionado às doenças mentais?
 
 W.C.K- Hoje existem tratamentos para essas pessoas que são identificados por um Neurologista ou Psiquiatra. Existem esses profissionais no SUS para atender, porém o atendimento não é realizado da mesma forma que uma consulta particular, devido ao pouco tempo que o SUS disponibiliza para tal consulta, além de pagar valores mínimos para esses profissionais.


CA- Existe uma causa específica para a doença?
 
 W.C.K- Existem alguns estudos, porém a causa específica não foi encontrada. Porém estudos com alcoólatras foram relatados em uma clínica 30% do pacientes com distúrbio bipolar.


CA- Como ela é tratada? Tem cura?
 
W.C.K- As alarmantes mudanças de humor podem ser controladas por diversos medicamentos conhecidos como "estabilizantes de humor". Com o uso de medicamentos adequados e de apoio psicológico e médico, é perfeitamente possível atravessar períodos indefinidamente longos de saúde e ter vida plena. E ela não tem cura, apenas tratamento.
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O diagnóstico de algumas pessoas, muitas vezes é demorado para ser identificado, pois como há as alternâncias de humor pode ser confundido com a depressão. Devido a isso, é de grande importância que, quando notados sintomas se procure acompanhamento médico, para que não tarde a identificação desse transtorno. 

*Tayná Biazus dos Santos é aluna do curso de Jornalismo da UPF, VII nível.


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